Projeto PROAC –
As letras de Alice
Apresentação do projeto
O projeto quer produzir um livro acessível para crianças com deficiência visual e auditiva sob a forma de um abecedário literário. Em perspectiva futura, pretende ser uma coleção. Serão 700 exemplares distribuídos gratuitamente em escolas públicas e 300 vendidos no mercado editorial.
As letras de Alice, e os livros que virão, querem ofertar material para leitores iniciantes, ou seja, em processo de alfabetização e aquisição de linguagem. Embora brinquem com as palavras de acordo com as letras do alfabeto, não se tratará de material paradidático, serão livros de literatura, com história, personagens, rima e ritmo na narração. Assim como fez o poeta José Paulo Paes em seu Uma letra puxa a outra e outros autores com seus abecedários.
É uma história curta que destacará nas páginas as letras usadas naquela parte da história.
As letras estarão em tinta (impressão convencional), em braille e em LIBRAS (haverá também um QR CODE apontando para o vídeo em LIBRAS da respectiva parte da história.
Relevância
O mercado editorial brasileiro precisa inovar o tempo inteiro, não basta buscar soluções para sobreviver ou sair da crise, é preciso buscar formas de alcançar públicos que estão longe dos livros e levar os livros para os leitores que não conseguem alcançá-los.
O sistema braille permitiu que milhões de pessoas pelo mundo pudessem ter acesso à informação escrita, possibilitando aprendizagem da língua de uma forma que não se pode alcançar em qualquer outro meio, mesmo os digitais. Embora tenha sido um divisor de águas para as pessoas com deficiência visual, um livro em braille ainda é muito caro, pelo volume de páginas que ocupa, pela especificidade, pelos equipamentos que se utiliza para sua impressão. A maior parte dos tipos de livros em braille são inviáveis para venda, precisam ser subsidiados ou serem produzidos em grande escala. Mas aqui vale o mesmo raciocínio dos livros tradicionais do mercado editorial brasileiro, não há certeza de que se vá vender uma tiragem mais alta. Entretanto sua relevância não diminui com esse problema de venda. Em um cenário assim, é de se supor que a oferta de livros com essa especificidade seja bem reduzida. Criar meios alternativos para que eles sejam produzidos é altamente necessário.
Produzir livros acessíveis torna-se ainda mais imperativo quando se fala de leitores iniciantes, pela escassez de livros direcionados a esse público nessa fase. A alfabetização no sistema braille e em LIBRAS, que está em processo na escola e em casa, se consolida na literatura, não apenas na codificação da linguagem que é uma parte da alfabetização, mas, principalmente, na experiência da imaginação e empatia de outras vidas, na leitura do mundo em suas expressões artísticas e culturais que a literatura proporciona. É fazer com que crianças com deficiências visuais ou auditivas desfrute de literatura inclusiva, pensada e feita para que suas limitações não as impeçam de adquirir a linguagem.
Esse tipo de livro acessível permite que crianças com e sem deficiência usufruam do mesmo livro, pois ele terá a impressão em tinta (impressão convencional) e em braille, com acesso a vídeos em LIBRAS. Dessa forma, todas as crianças poderão ter contato com a variedade cultural e a diversidade de pessoas em todas as suas limitações e potencialidades, com novos letramentos possíveis, com a aproximação do que é diferente. E isso se dá porque o modelo de livro convencional está ali no mesmo livro que os formatos acessíveis.
Proposta de ilustração
Alice é a personagem desse livro porque seu nome começa com primeira letra do alfabeto, o que tornou o ponto de partida para a história desse abecedário.
Alice também é um nome muito comum, não por acaso é um dos mais conhecidos na literatura infantil. E essa história não poderia deixar de fazer um intertexto com a obra de Lewis Carrol.
Contudo, não faria sentido, neste Brasil e neste momento atual ter mais uma menina branca de cabelos claros, por isso a proposta para a ilustração é fazer uma menina negra. Por isso também, em nome dessa diversidade e inclusão, faz todo sentido que o(a) ilustrador(a) seja negro(a), pelo menos será o objetivo desse projeto.
Sinopse detalhada da história
Alice e o irmão Kauê passam um dia agitado na casa da avó, entre brincadeiras e música, imaginação e realidade, com histórias de heróis, jogos diversos, navegando em mares bravios como uma pirata, lendo livros de Alice e sapateando no chão, sem sair da casa da avó. Termina com um belo café da tarde com a família reunida.
Personagens
Alice – personagem principal, menina de 10 anos.
Kauê – irmão de Alice, com 2 ou 3 anos.
Dona Dora – avó de Alice.
Tio Wilson – filho de dona Dora.
Tio Walter – filho de dona Dora.
Wanda – mãe de Alice.
Tempo e espaço.
A ação se passa ao longo de um dia qualquer, na casa da avó de Alice que cuida dos netos. No fim da tarde aparecem em os tios e a mãe de Alice para tomarem um café e conversarem.
Nome do(s) autor(es) com breve currículo/ apresentação.
Minha vida de editor e escritor começou ainda criança, quando criava minhas histórias e já fazia os livrinhos.
Foi um caminho natural cursar o técnico em Artes Gráficas no SENAI, depois Letras na São Judas, e por fim, pós-graduação em Formação de Escritores.
Os cursos me ajudaram a lançar um livro de ficção sobrenatural de forma independente, produzindo os meus livros com minhas mãos.
Na infância também fazia as ilustrações, mas hoje em dia me limito a fazer alguns desenhos em relevo de livros infantis em braille.
Com o braille, publiquei pela Fundação Dorina: Cuca, e Brincar sem Fronteiras, Almanaque de atividades acessíveis. Agora quero publicar As Letras de Alice, ampliando o que se pode chamar de livros acessíveis para além do braille.
Perfil do público-alvo.
Leitor iniciante a partir de 5 anos.
Gênero literário
Literatura infantil
Aprovação
O projeto foi aprovado no segundo semestre de 2022.